Minha primeira onda surfada foi no nordeste, mais precisamente em Gaibú, muito antes dos tubarões oferecerem risco. No finalzinho da década de 70, entre 77 e 79 peguei onda em alguns lugares muito legais, onde hoje é complicado surfar em virtude do desequilíbrio ecológico que gerou o início dos ataques de tubarão. Quem esteve por ali na mesma época vai lembrar desses lugares. Vou listar os picos em ordem no sentido norte-sul, o post é longo mas vale a pena.
Caldeira do Navio - No bairro de Casa Caiada, em Olinda, em frente do Hotel Quatro Rodas. As ondas rolavam bem ao lado de uma caldeira de navio encalhado na bancada de coral. Era um autêntico "fundo de coral", com ondas rápidas e de boa formação. Creio que o pico não funciona mais hoje em dia, um molhe de pedras artificial foi colocado no lugar para conter o avanço do mar.
Zé Pequeno - No bairro Novo, também em Olinda. As ondas quebram em uma pequena praia entre os molhes de pedra. Um restaurante muito conhecido naquele tempo deu nome ao pico, tive a sorte de estudar na mesma sala (no Colégio São Bento) que José Remígio Júnior, filho do dono, me aproximando mais ainda da história desse lugar.
Milagres - O mais curioso desse lugar é que no fundo, além das pedras naturais, havia também os escombros de algumas das casas que foram destruídas pela ação do mar. Acho que não há muitos lugares onde se pegue onda sobre paredes históricas.
Del Chifre - Não faço idéia da origem do nome. O local é um fundo de areia, próximo à Ilha do Maruim de onde Chico Science saiu para botar todo mundo prá dançar ao som do Mangue Beat. As ondas são - ou eram - fortes como o som de Chico. Peguei altas por lá e na época, nada de tubarão, hoje a coisa é diferente...
Gaibu - Passei praticamente todos os verões de minha infância nessa praia. Era uma típica praia de pescadores e o surf demorou a aparecer por lá. As ondas rolavam ao lado da bancada de corais que fazia a formação conhecida como Piscinas. Esquerdas inesquecíveis.
Galheta - Ponta do Arrisca. Uma direita entra vigorosa sobre formação rochosa natural e quebra rápida sobre um fundo de coral. Fácil descobrir a razão do nome. Nas marés sem onda mergulhava ali em busca de lagostas e polvos, abundantes até então.
As fotos, claro, são reproduções do Google Earth, e quem tiver curiosidade pode fazer um passeio virtual completo pelo litoral pernambucano. Não sei como está a questão, mas sei que o Recife ostenta o triste título de cidade com o maior número de ataques fatais, por isso reproduzi nas imagens a placa que se vê em praticamente toda a orla da cidade.
Se você viveu essa época, mande uma mensagem, vai ser muito bom encontrá-lo, ainda que virtualmente.
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