quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Uma fish de autêntica

Quem acompanha o blog já teve oportunidade de ler o post contando parte da história das FISH e relatando suas características principais (se você ainda não viu, está logo aí abaixo, vale uma lida). Estava em nossa lista a produção de uma FISH respeitando rigorosamente a originalidade do modelo e assim que terminamos o shape da PIG, partimos para executar mais essa belezinha. Halley comandou a plaina, e eu fiquei ali, cuidando dos detalhes. O resultado você confere a seguir.
projeto inicial, outline integral, medidas, direto do micro

plaina nervosa, acertando o fundo



blocos de primeira linha para garantir a qualidade final



dois momentos do shape

borda ainda bruta, com o desenho da época

deck

fundo completamente flat

PIG

Finalmente o shape está pronto. Agora é fazer a pintura, laminar (a cargo da Doctor Surf) e levar para água.
Esse é mais um projetinho que toma forma à quatro mãos. Eu e o amigaço Halley Barbosa dedicamos umas 12 horas a essa maravilha.

aplicando os últimos carinhos

clássico dos clássicos, PIG

PIG: Bico

Parece que alguém vai se divertir andando nesse bico.


PIG: Borda 50/50

Conforme dito aqui antes, borda TODA 50/50, do bico à rabeta. Uma trabalheira maluca, afinal quem é que faz uma borda dessa atualmente. Para minha felicidade posso contar com o Museu do Surf pertinho de casa para poder recorrer às referências originais. O desenho da borda é bem delicado, vacilou estraga o shape. Valeu cada minuto lixando, ficou perfeito.


detalhe do "fio" que a borda 50/50 revela

PIG: Rabeta

Rabeta toda refinada para receber um verdadeiro leme. Vou plantar aí uma D-Fin que farei especialmente para ela e não duvido, sob protestos do Guilherme que certamente irá sugerir: "- coloca uma caixa de quilha aí". NÃO! Nem pensar. Nem caixa de quilha e nem copinho para estrepe (leash). A quilha será D, fixa, e para o estrepe, loop glass plug, ou ponte ou pecinha como alguns chamam.


Por dentro da sala de shape

Depois de concluir os trabalhos do dia, a PIG e a FISH, registrei uns detalhes na sala de shape.





terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Pig no shape!

Impossível voltar no tempo - pelo menos até que se prove o contrário - mas é perfeitamente possível e viável
resgatar lá do passado o que ele tem de melhor. A imagem acima representa bem dois bons exemplos de coisas que podemos trazer ao presente. Que surfista não se encanta com um belo woodie aqueles carros americanos antigões, cuja carroceria era quase toda feita ou decorada com madeira? Qual de nós nunca sonhou em pegar a estrada, rumo ao mar, guiando uma barcona dessas, carregada das melhores pranchas? Pois muito bem, ainda terei que esperar mais para guiar um woodie, mas a prancha eu já garanti. Está prontinho o shape da PIG, ou melhor, quase pronto, ainda devo dar um retoque final antes de começar a correr tinta sobre a espuma. Ficou 100% PIG. Bordas 50/50 do bico à rabeta (sufoco p fazer isso), e fundo V em quase toda a prancha. Uma beleza. Ainda hoje deve fazer esses mínimos retoques e fotografar para compartilhar com vocês. Pode ser que o woodie demore um pouco, mas surfar numa autêntica PIG é prá já!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Nem tudo que tem rabo de peixe é fish.

Surgida nos anos 60, consagrada nos 70 e revivida em larga escala no movimento retrô que marca a primeira década do segundo milênio, as Fish - e suas derivações - são cada vez mais vistas nas praias e continuam influenciando shapers no mundo inteiro. Para reproduzir com total fidelidade aos modelos originais, recorremos à web (são milhares de sites abordando o assunto) e ao acervo do Museu do Surf que conta com alguns exemplares bem representativos. Neste post vamos contar a história das Fish, ajudando a esclarecer algumas dúvidas frequentes e equívocos recorrentes.
Em 1967 um surfista de San Diego praticava knee surf (surf de joelhos) acreditando que dessa forma se envolveria mais com a onda e entubaria com mais facilidade. Pensando assim, Steve Lis desenvolveu na garagem de sua casa, uma prancha quase plana e larga o suficiente para caber os pés-de-pato que ele usava. A primeira Fish fabricada por Lis media 5’4” por 20” e poucos de meio.
Pouco tempo depois, entre 1970 e 1971, um cara chamado Jeff Ching tomou emprestada uma Fish de Steve Lis. Ele queria ver se conseguiria surfar em pé com a prancha. Funcionou bem e o fato foi testemunhado por alguns locais de San Diego que não demoraram para fazer suas cópias daquela prancha.
A partir dai, vários shapers renomados da época foram imprimindo suas características a cada nova fornada de pranchas e assim o desenho original de Steve Lis foi ficando cada vez mais adequado ao surf em pé.

Curisidades: Ao conceber a Fish Steve Lis imaginou duas rabetas pintail lado a lado, cada qual com sua quilha, isso permitiria as fortes puxadas para manobrar a prancha, enterrando sempre um lado da rabeta na água. Portanto a inspiração não foi o rabo de peixe como muitos acreditam.

Naquela época, essas idéias malucas eram chamadas de backyards, por serem produzidas “no fundo do quintal” como foi a Fish.

Mike Hynson se baseou na Fish de Lis para fazer sua primeira quatro quilhas.

As principais características das Fish são sua relação largura x altura, a (praticamente ausente) curva longitudinal e as duas quilhas em forma de aleta. Não necessariamente o tamanho, no entanto a prancha perde a funcionalidade em tamanhos muito acima dos 6 pés.

Conta-se que foi Reno Abelira surfando uma Fish que teria inspirado Mark Richards a desenvolver suas Twins (biquilhas) que foram imbatíveis até a chegada das triquilhas.

Steve Lis com a FISH original

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Toco

A palavra que dá título a esse post frequentemente é utilizada quando nos referimos a uma prancha ruim. Acontece que há quem consiga surfar mesmo usando um toco com mostra essa foto de Dave DiGirolamo publicada na Surfer Magazine. Para ver essa centenas de outras fotos interessantes da história do surf, acesse: http://www.surfsearch.com.au/.

E a egg vai para...

O Museu do Surf arrematou a pranchinha.
Provavelmente essa jamais irá para a água, mas é bom saber que tenha encantado o curador do Museu, Telmo Moraes, a ponto de querer nossa OPUS ao lado de preciosidades assinadas por Lynden, Gary Lopes, Lary Gordon e outras lendas. O interesse do museu pela prancha, endossa a qualidade da peça e funciona como um "atestado de competência", comprovando a autenticidade do modelo.
Uma nova egg entra em produção em breve.
Visite o Museu do Surf de Cabo Frio.

O tamanho da quilha

Você sabe como medir sua quilha? Agora vai conhecer o padrão para medida das quilhas, não importando seu formato. Este é o padrão adotado internacionalmente e é composto por quatro medidas básicas:
Base (b "base") - é a distância entre as duas exremidades inferiores, que ficam em contato direto com a prancha
Altura (h "high") - é a distância entre a linha da base e a tangente da curva no extremo oposto da quilha.
Vão (s "span") - é o espaço ocupado pela quilha, considerando o seu eixo longitudinal, entre a curva no extremo superior e extremo oposto da base.
Posição (@ "at") - é a distancia entre a quilha e a rabeta da prancha. Para os casos de rabetas com desenho em V (fish, swalow) considerar a extremidade para a medida.

Lá vem o porquinho!

Já estou com o bloco praticamente no cavalete para fazer a PIG, modelo clássico comum nos anos 50 e 60. Em breve as fotos estarão devidamente publicadas aqui, por enquanto deixo as imagens com o projeto e medidas reais da prancha. As bordas serão 50/50, com o fundo em V suave no meio da prancha (medida de meio deslocada na direção da rabeta), e V acentuado na rabeta, e bico em concave, extamente como os modelos da época. Claro que a quilha será uma D Fin fixa, espetada na bem rabeta da prancha, nada de copinho para estrepe (ou leash), no máximo um loop glass plug (ponte de resina e fibra). É só aguardar e acompanhar o nascimento do porquinho.

Direto da Austrália

Tem coisa que só existe na Austrália. Canguru, ornitorrinco e koala, são alguns dos exemplos das exclusividades australianas que fazem dessa terra, no mínimo um lugar bem diferente. Por isso não poderia ter vindo de outro lugar essa quilha de formato esquisito. Não estou avaliando a funcionalidade da peça, não tenho base para isso, mas que a aparência (como se fosse duas quilhas unidas pela base, formando um "V") é inusitada, ah é. Mas o curioso mesmo é que nossos amigos da terra do canguru fizeram a quilha em alumíno. Imagina isso passando, acidentalmente, por cima de um desavisado na água. Se cravar em outra prancha, corta em duas sem dúvida. Quem quiser conhecer melhor, acesse: http://www.alifins.com.au/. No site seus inventores listam as principais características de funcionamento.